P. Meu filho de seis anos foi diagnosticado com tipo 1 no ano passado. Eu testo seu BGL por volta das 20h, antes de ele dormir. Devo testar novamente antes de ir para a cama – por volta das 23h – ou até mais tarde?

R. Quando nosso primeiro filho, Charlie, foi diagnosticado, desde o primeiro dia, sempre testamos seu BGL antes de ir para a cama, por volta das 21h30, e depois à 1h. A razão para isso é que queríamos manter seus níveis bem controlados, mas também evitar hipoglicemias noturnas graves.

Alguns meses depois, nosso especialista e educador em diabetes nos disse que o teste da 1h não era mais necessário. Mas, senti que a razão pela qual eles sugeriram isso foi para evitar que o pai das crianças e eu ficássemos tão sobrecarregados que iríamos para o outro extremo da escala e faríamos poucos testes por dia. E, depois de ouvir histórias de crianças e adultos que entraram em coma diabético durante a noite, decidimos continuar o que tínhamos começado. Desta forma, poderíamos dar aos nossos filhos a melhor oportunidade possível, não só de evitar o coma, mas também de manter os seus BGLs suficientemente bem geridos para reduzir o risco de complicações de saúde mais tarde na vida. Assim como para detectar hipoglicemias, os testes noturnos são valiosos para identificar níveis elevados. Isto é fundamental quando se considera quanto tempo uma criança dorme – equivale a cerca de um terço da sua vida. Se os seus níveis estiverem fora do intervalo normal durante cerca de oito horas, isto pode ter um enorme impacto nos seus níveis de HbA1c (hemoglobina A1c).

Os níveis elevados de BGL são facilmente tratados agora que nossos filhos usam bombas de insulina, mas antes disso costumávamos dar-lhes uma injeção extra, quando necessário, para normalizar seus níveis e garantir que não acordassem de manhã com cetonas. Tomar esta medida significou que poderíamos evitar qualquer possibilidade de cetoacidose diabética – uma condição potencialmente fatal, que resulta de níveis de açúcar no sangue anormalmente elevados.

Com quatro dos nossos cinco filhos agora diagnosticados, o teste noturno tornou-se uma tarefa difícil. A maneira como o pai das crianças e eu contornamos a enormidade dessa rotina constante é nos revezando, de modo que você fica de plantão ou de folga por uma semana inteira, normalmente de sexta à noite até sexta à noite. Qualquer um de nós que esteja de plantão realiza os testes das 21h30 e da 1h, permitindo que o outro tenha uma semana inteira de folga. Há nove anos que seguimos essa pequena rotina. Algumas semanas são mais difíceis do que outras, mas, como pais, faremos tudo para manter os nossos filhos o mais saudáveis possível.

A vigília noturna nunca é monótona. Você pode ter certeza de que pelo menos uma ou duas vezes por semana um deles terá hipoglicemia ou nível alto que precisa de tratamento. Mas estamos totalmente empenhados em cuidar dos nossos filhos desta forma enquanto eles precisarem de nós. A nossa recompensa reside em saber que quanto mais baixos conseguirmos manter a sua HbA1cs, mais saudáveis eles crescerão e menos complicações a longo prazo correrão o risco.